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(564) CONTO POPULAR - A MOURA TORTA - RECONTADO POR LOURENÇA MARIA DA CONCEIÇÃO, IN CÂMARA CASCUDO


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    Era uma vez um rei que tinha um filho único, e este, chegando a ser rapaz , pediu para correr mundo. Não houve outro remédio senão o príncipe seguir viagem como desejava.
 Nos primeiros tempos nada aconteceu de novidades. O príncipe andou, andou, dormindo aqui e acolá, passando fome e frio. Numa tarde ia ele chegando a uma cidade quando uma velhinha, muito corcunda, carregando um feixe de gravetos, pediu uma esmola. O príncipe, com pena da velhinha, deu o bastante e colocou nos ombros o feixe de gravetos, levando a carga até pertinho das ruas. A velha agradeceu muito, abençoou e disse:
 - Meu netinho, não tenho nada para lhe dar; leve essas frutas para regalo mas só abra perto das águas corrente.
  Tirou do alforje sujo três laranjas e entregou ao príncipe, que as guardou e continuou sua jornada.
  Dias depois, na hora do meio-dia, estava morto de sede e lembrou-se das laranjas.
Tirou uma, abriu o canivete e cortou. Imediatamente a casca abriu para um lado e outro e pulou de dentro uma moça bonita como os anjos, dizendo:
  - Quero água! Quero água!
Não havia água por ali e a moça desapareceu. O príncipe ficou triste com o caso. Dias passados sucedeu o mesmo. Estava com sede e cortou a segunda laranja. Outra moça, ainda mais bonita, apareceu, pedindo água pelo amor de Deus.
   O príncipe não pôde arranjar nem uma gota. A moça sumiu-se como uma fumaça, deixando-o muito contrariado.
    Noutra ocasião o príncipe tornou a ter muita sede. Estava já voltando para o palácio de seu pai. Lembrou-se  do sucedido com as duas moças e andou até um rio corrente.
Parou e descascou a última laranja que a velha lhe dera. A terceira moça era bonita de fazer raiva. Muito e muito mais bonita que as duas outras. Foi logo pedindo água e o príncipe mais que depressa lhe deu. A moça bebeu e desencantou, começando a conversar com o rapaz e contando a história. Ficaram um do outro. A moça estava  quase nua e o príncipe viajava a pé, não podendo levar sua noiva naqueles trajes. Mandou subir para uma árvore, na beira do rio, despediu-se dela e correu para casa.
    Nesse momento chegou uma escrava negra, cega de um olho, a quem chamavam a Moura Torta. A negra baixou-se para encher o pote com água do rio mas avistou o rosto da moça que se retratava nas águas e pensou que fosse o dela. Ficou assombrada de tanta formosura.
   - Meu Deus! Eu tão bonita e carregando água?
Não é possível ...Atirou o pote nas pedras, quebrando-o e voltou para o palácio, cantando de alegria. Quando a viram voltar sem água e toda importante, deram muita vaia na Moura Torta, brigaram com ela e mandaram que fosse buscar água, com outro pote. 
   Lá voltou a negra, com o pote na cabeça, sucumbida. Meteu o pote no rio e viu o rosto da moça que estava na árvore mesmo por cima da correnteza. Novamente a escrava preta ficou convencida da própria beleza. Sacudiu o pote bem longe e regressou para o palácio, toda cheia de si.
   Quase a matam de vaias e de puxões. Deram o terceiro pote e ameaçaram a negra de uma surra de chibata se ela chegasse sem o pote cheio d'água. Lá veio a Moura Torta no destino. Mergulhou o pote no rio e tornou a ver a face da moça. Esta, não podendo conter-se com a vaidade da negra, desatou uma boa gargalhada. A escrava levantou a cabeça e viu a causadora de toda sua complicação.   
   -Ah! É vossimicê, minha moça branca? Que está fazendo aí, feito passarinho? Desça para conversar comigo.
   A moça, de boba, desceu, e a Moura Torta pediu para pentear o cabelo dela, um cabelo louro e muito comprido que era um primor. A moça deixou. A Moura Torta deitou a cabeça no seu colo e começou a catar, dando cafuné e desembaraçando as tranças. 
Assim que a viu muito entretida, fechando os olhos, tirou um alfinete encantado e fincou-o na cabeça da moça. Esta deu um grito e virou-se numa rolinha, saindo a voar.
   A negra trepou-se na mesma árvore e ficou esperando o príncipe, como a moça lhe tinha dito, de boba.
   Finalmente o príncipe chegou, numa carruagem dourada, com os criados e criadas trazendo roupa para vestir a noiva. Encontrou a Moura Torta, feia como a miséria. O príncipe, assim que a viu, ficou admirado e perguntou a razão de tanta mudança. A Moura Torta disse:
   - O sol queimou minha pele e os espinhos furaram meu olho. Vamos esperar que o tempo melhore e eu fique como era antes.
   O príncipe acreditou e lá a Moura Torta de carruagem dourada, feito gente.
O rei e a rainha ficaram de caldo vendo uma nora tão horrenda como a negra. Mas palavra de rei não volta atrás e o prometido seria cumprido. O príncipe anunciou seu casamento e mandou convite aos amigos.
   A Moura Torta não acreditava nos olhos. Vivia toda coberta de seda e perfumada, dando ordens e ainda mais feia do que carregando o pote d'água. Todos antipatizavam com a futura princesa. 
   Um dia, chegou uma rolinha  ao jardim do rei e disse ao jardineiro:
   - Jardineirinho do rei, como está o príncipe com sua mulher?
   - Umas vezes canta, porém mais vezes chora - disse o jardineiro.
   - Todos os dias chegava a rolinha e fazia a mesma pergunta ao jardineiro, até que este contou a história ao príncipe.
O príncipe deu ordem ao jardineiro para que prendesse a rolinha. O jardineiro untou de visgo a árvore onde diariamente pousava a rolinha e, quando esta chegou para sua visita diária, ao querer voar, ficou presa à árvore.
   O jardineiro apanhou-a e levou-a ao príncipe. O príncipe se enamorou da rolinha. Colheu-a com carinho e ao acariciar-lhe a cabeça, encontrou o alfinete que ali tinha sido cravado. 
   Ao retirá-lo, imediatamente a rolinha se transformou na bela dama da laranja.
A formosa jovem contou sua aventura ao príncipe e entrando os dois no palácio, comunicaram o ocorrido ao rei.
O rei, indignado, deu ordens para que imediatamente castigassem a cigana. o príncipe e a dama da laranja se casaram e foram felizes para sempre.



Boa leitura, amiguinhos!
Não esqueçam de abraçar todos os dias quem cuida de você com carinho!!!

    
Imagem retirada da Internet

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