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(283) CONTO DE ARTIMANHA OU ESPERTEZA - O DONO DA BOLA

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 Caloca é um amigo legal. Mas nem sempre 
    ele foi assim, não.
    Antigamente ele era o menino mais enjoado de 
    toda  a rua.
    E não se chamava Caloca. O nome dele era 
    Carlos Alberto.
    E sabem por que ele era assim tão  enjoado?
    Eu não tenho certeza , mas acho que porque 
    ele é o dono da bola.
    Caloca morava na casa mais bonita da nossa rua.
    Os brinquedos que Caloca tinha, vocês não 
    podem imaginar.
    Caloca só não  tinha amigos.
    Porque ele brigava com todo o  mundo.
    Não deixava ninguém brincar com os brinquedos
    dele.
    Mas futebol ele tinha que jogar com a gente, 
    porque futebol não se pode jogar sozinho.
    O nosso time estava cheio de amigos .O 
    que nós não tínhams era bola de futebol.Só 
    bola de meia, mas não é a mesma coisa. Bom 
    mesmo é bola como a de Caloca.
    Mas, toda a vez que a gente ia jogar 
    bola com Caloca, acontecia à mesma coisa, só o
    juiz marcar qualquer falta do Caloca que ele 
    gritava logo:
   - Assim eu não jogo mais ! Dá aqui 
   minha bola!
   -Ah, Caloca, não vá embora, tenha 
   espírito esportivo, jogo é jogo...
   - Espírito esportivo, nada! Berrava 
   Caloca. -E não me chame de Caloca, meu nome 
   é Carlos Alberto!
   E, assim, Carlos Alberto acabava com 
   todo que era jogo.
   Todas as vezes que o Carlos Alberto 
   fazia isso, ele acabava voltando e dando um 
   jeitinho de entrar no time de novo. Mas,daquela 
   vez, nós estávamos por aqui com ele. A primeira
   vez que ele veio ver os treinos , ninguém ligou.
   Um dia , nós ouvimos dizer que o  
   Carlos Alberto estava jogando no time do “ Faz – 
  de Conta”, que é um time lá da rua de cima.Mas 
  foi por pouco tempo.A primeira vez que ele quis
  carregar a bola no melhor do jogo, como fazia 
  conosco, se deu muito mal... O time do  “Faz –
  de – Conta”correu atrás dele e ele só não 
  apanhou porque se escondeu na casa do Batata.
  Aí o Carlos Alberto resolveu jogar a bola
 sozinho. A gente passava pela casa dele e 
 via.Ele batia  bola com a parede. Acho que a 
 parede era o único amigo que ele tinha. Mas eu 
 acho que jogar com a parede não deve ser 
 muito divertido que depois de três dias , o 
 Carlos Alberto não aguentou mais, apareceu lá 
 no campinho, mas não houve acerto...
 E Carlos Alberto continuou sozinho. Mas 
 eu acho que ele já não estava aguentando de 
 estar sempre sozinho.
 Na quarta- feira, mais ou menos no 
 terceiro treino, lá veio ele com a bola debaixo do
 braço.
 - Oi ,turma, que tal jogar com uma bola 
 de verdade?
 Nós estávamos loucos para jogar com a 
 bola dele. Mas não podíamos dar o braço a 
 torcer.
 - Olha, Carlos Alberto, você apareça em 
 outra hora. Agora nós precisamos treinar-disse 
 Catapimba.
 - Mas eu quero dar a bola ao time. De 
 verdade!
 Nós todos estávamos espantados:
 - E você nunca mais pode levar embora?
 - E o que você quer em troca?
 - Eu só quero jogar com vocês...
 - Viva o Carlos Alberto!
 - Viva!
 Então o Carlos Alberto gritou:
 - Ei, pessoal, não me chamem de Carlos 
 Alberto! Podem me chamar de Caloca!

(Rocha, Ruth In: Marcelo, Marmelo, Martelo e 
outras histórias.Rio de Janeiro: 
Salamandra,1976)
BOA LEITURA!!!


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